Era
neto materno de um francês e de sua mulher Maria Amélia de Figueiredo. Oficial
da Marinha, completou o curso Escola Naval em 1875, tendo
prestado serviço em Moçambique, Macau, Timor Português e no Japão.
Após
ter frequentado a Escola Naval, serviu a bordo de diversos navios da Marinha
de Guerra Portuguesa. Em 1885, viajou pela primeira vez até Macau, onde se
estabeleceu.
Foi
imediato da Capitania do Porto de Macau e professor do Liceu
de Macau desde a sua fundação em 1894. Durante a sua estadia em Macau,
casou com Vong-Io-Chan (Atchan), mulher chinesa, de quem teve dois filhos, e
estabeleceu laços de amizade com Camilo Pessanha.
Entretanto,
em 1889, viajara até ao Japão, país que o encanta, e onde regressará várias
vezes nos anos que se seguem, no exercício das suas funções. Em 1897, visitou o
Japão, na companhia do governador de Macau, José Maria de Sousa Horta e Costa,
sendo recebidos pelo imperador Meiji.
No
ano seguinte, abandonou Atchan e os seus dois filhos, e muda-se definitivamente
para o Japão, como cônsul em Kobe.
Aí,
a sua vida é marcada pela actividade literária e jornalística, e pelas suas
relações amorosas com duas japonesas (Ó-Yoné Fukumoto e Ko-Haru) e pela sua
crescente “japonização”.
Durante
os trinta anos que se seguiram, Venceslau de Morais tornou-se a grande fonte de
informação portuguesa sobre o Oriente, partilhando as suas experiências íntimas
do quotidiano japonês com os seus leitores portugueses, numa actividade
paralela à de Lafcádio Hearn, o grande divulgador da cultura nipónica no mundo
anglo-saxão, de quem foi contemporâneo.
Amargurado
com a morte, por doença, de Ó-Yoné, Venceslau de Morais renunciou ao seu cargo
consular em 1913, quando já era graduado em tenente-coronel/capitão de fragata,
mudou-se para Tokushima, terra natal daquela. Aí viveu com Ko-Haru, sobrinha de
Ó-Yoné, que viria também a falecer por doença.
Aí,
o seu quotidiano tornou-se crescentemente idêntico ao dos japoneses, embora
tendo como pano de fundo uma crescente hostilidade destes. Cada vez mais
solitário, e com a saúde minada, Venceslau de Morais viria a falecer em
Tokushima em Julho de 1929.
Venceslau
de Morais foi autor de vários livros sobre assuntos ligados ao Oriente, em
especial ao Japão. Também se encontra colaboração literária de sua autoria no
semanário “Branco e Negro” (1896/1898) e nas revistas “Brasil-Portugal”
(1899/1914), “Serões” (1901/1911) e “Tiro e Sport” (1904/1913).
Foi
impressa uma nota de 500 patacas de Macau com a sua imagem.
A
TAP homenageou-o ao atribuir o seu nome a uma das suas aeronaves.